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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA GOIANA
Coordenação: SALOMÃO SOUSA

 

Foto: https://www.policiacivil.go.gov.br/

 

LEONARDO TEIXEIRA

Nasceu em Goiânia, Goiás, em 1979.
Formado em Direito pela Universidade Federal de Goiás, é escritor e músico.
Autor do livro Mergulhando no Pensamento (poesias críticas, 1998). Afinadores de piano (contos, 2003); Contos, Causos e Histórias, e outros mais.
Roteirista de filmes Engenho de Almas e Casamentado.
Participou, como violeiro, do CD Choro e Raiz (instrumental).

 

 

ANTONIO ALMEIDA

BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org.  Sublimes linguagens.  Goiânia, GO: Kelps, 2015.   244 p.  21,5x32 cm.  Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques.  ISBN 978-85-400-1248-6

Ex. bibl. Antonio Miranda    

 

 

 

QUATRO LUZES E
NOITE ENLUARADA



I- O Lobo do próprio poeta

 

Noite escura, bola clara,
Toda cheia, enluarada,
O poeta grita alto,
Uivando a palavra inspirada,
Na mata do asfalto,
A sentença mais inesperada,
Como o anúncio do arauto.



II – Sopa de luar

Às altas horas insólitas na rua,
Reluzindo a luz que se presta,
Nas poças: o ensopado de lua;
Esteja servido o poeta.

 


III – Amarilis

O coração? Sei de cor
Ação de ver a cor
Do sol, sempre a amarelar
Na paisagem do meu olhar.

 

 

IV – A luz

 

Ai! Que esta luz me cega,
E a escuridão do povo me nega;
Quando será a minha vez?
É preciso ser louco,
Muito louco,
Para encarar tanta lucidez!


ARMA DA MORTE

A vida caminha na direção da morte
quem tenta fugir, encontra a mesma face
no momento final se acaba a boa sorte
é o destino de tudo o que aqui nasce.

Muitos nasceram e foram expelidos num cuspe
andaram por ilusões e enganos, um total embuste
Poucos fazem real e grande diferença, afinal
nessa vida curta, breve, árdua, linda e mortal.

A lei dos homens, da selva, a tudo se faz um corte
uma faca, um tiro, um porrete, mesmo sem porte
O homem ama a vida, a arma e a velhice amam a morte!

 

 

 

PROEMINÊNCIA

Neste poema eu poemeto-lhe a verdade
Prominto te eternamente
Com gozo de mental faculdade
Sigo meu passo subsequente
Entenda-me com sua ilusão, tenha bondade
O amor demora mais do que amora
Antes de Roma, tudo sempre acaba
Sem amor, a paz não rende nem vigora
Se tirar do chapéu toda a sua aba
É como tirar o amor de quem namora
Não vai sobrar na vida mas nada
Se tirar o pó do poema
Não há sentido na ave
Resta somente o dilema
O conclave, a nave...
Tá vendo? Estragou o poema!

 

 

 

SENTIMENTOS PEQUENINOS

                              I

Hoje acordei com vontade de expelir um poema,
Que rasgasse a alma ao sangue, sem nenhum dilema,
Como se pudesse tocar no céu, pintando no muro do universo,
Mas tudo o que consegui foi mera rima de pouco verso.
Vislumbrei aqui um sonho distante e inatingível. Algo assim,
Como se a mulher mais bruta derramasse seu amor por mim,
Como se transformasse o odor do raio em fragrância de jasmim.
Mas carrego uma vontade louca de ver o branco do papel
Ser metamorfoseado como o amargo fel para o doce mel.
Tenho tanto a dizer, que já não há suficiente papel.
O que carrego no peito são inúmeras incontinências...
Afinal, é duro transformar minhas reticências num ponto final.

                                    II
Vivemos dias de muitas brigas, Leo
Quase ninguém se reconcilia,
Nas bocas, palavra de intrigas,
Facada nas costas da própria família.

Vivemos dias de más recordações,
Rotulando o passado já no presente,
Malefícios da humanidade, em poucas lições,
Ruminando ego, num riso falso e contente.

São dias de violência e muitas mortes,
Ruínas desestruturadas e as más sortes,
Mesmo quando ninguém te socorre,
A esperança é a última que morre.

                                    III
Convocando o chão da vida,
Procurando o tesouro da felicidade
Acha-se a ilusão sôfrega e contida,
Mas no garimpar é melhor a simplicidade.
Terrível é o amor que escapa pela mão;
Terrível é o orgulho que te faz cair ao chão.
A mesma liberdade com que sonha e faz voar,
É também a queda livre que te faz esborrachar.
Mas a esperança é incerta e futura,
E a fé é presente e se perdura,
Sempre: depois da noite mais escura
O sol volta a brilhar!

 

 

*

 

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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